Não é normal!
- Ludmila Silva
- 11 de dez. de 2017
- 2 min de leitura

Ontem eu li um texto que me abriu os olhos. O texto é um artigo de opinião sobre o roubo de carga na favela da Pedreira, que foi flagrado pelo helicóptero do Bom Dia Rio. O autor, Lúcio de Castro colocou em seu texto qual era o verdadeiro escândalo daquela cena transmitida nas primeiras horas do dia. "O grande escândalo, e bastava olhar um pouco além do caminhão, é a tão evidente carência de tudo, ausência de tudo. O paupérrimo da vida por ali. O abaixo das mínimas condições de dignidade e de vida humana", apontou Lúcio em seu artigo. E a opinião seguiu com dados, informações e um texto que mostrou a realidade para quem não vive perto dela e também para quem está nela.
Eu sou da Baixada Fluminense, quando estou em aula na faculdade fico na casa do meu tio em Pilares, na zona norte do Rio. Mas por que eu falei isso? Porque no meu trajeto de casa para o Méier (faculdade), do Méier para Pilares e entre tantos outros caminhos, eu passo por lugares cercados de pobreza. Mas mesmo vendo a pobreza, ela está aqui do meu lado, eu não me escandalizo diariamente com ela. Ela se tornou normal. E isso é um perigo.
O perigo de ver, sentir e se acostumar. Eu sinto a pobreza quando eu vou pro centro da cidade e passo pela passarela 10 na Av. Brasil, eu sinto a pobreza quando eu vejo algum morador de rua tendo que se virar para se alimentar, eu sinto a pobreza quando um senhor cai do lado da minha casa desidratado, pois capinou o dia todo para conseguir o mínimo de sustento. ISSO NÃO PODE SER NORMAL.
No texto do Lúcio de Castro ele mostrou que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de uma pessoa que vive na Pedreira em Costa Barros, é o mesmo de Cité Soleil, que é uma favela do Haiti. Apenas 63 anos.
Mas será que um outro texto, o da Reforma da Previdência, tá levando em consideração as pessoas da Pedreira? Sejamos honestos.
O descaso e abandono é uma realidade muito presente no Brasil, mas a gente prefere esconder ou fingir que não vê. E não precisa nem se esforçar, pois enquanto o roubo da carga estava acontecendo a realidade do morador da Pedreira estava ali, mas ninguém viu. Enquanto o nosso campo de visão for limitado àquilo que nos é mostrado, nunca enxergaremos de verdade. Melhore sua visão periférica. Em todos os sentidos.
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