Extremos Pueris

Dois lados, um deles vestido de vermelho e o outro de amarelo. Gritos eufóricos quando seu lado está “ganhando” e vale até colocar em caps lock no twitter, acompanhado de hastags. Fogos, gritos de comemoração e até um som de panela batendo. Olhando assim até pareço estar falando sobre uma partida de futebol e da “festa” das torcidas. Mas não, estou falando do julgamento do ex-presidente Lula.

O julgamento aconteceu ontem e manifestantes pró e contra Lula ocuparam as ruas do país. Os pró vestidos de vermelho, com placas a favor da não condenação do ex-presidente e perguntando que provas tinham para que o culpassem. Já os contra, vestidos com blusas do Brasil, com bonecos infláveis de Lula preso e do juiz Sérgio Moro com uma capa de herói, além de placas chamando Lula de ladrão eles subiram a hastag: MolusconaCadeia. Muito maduro, eu sei.

Eu não vou falar aqui dos motivos que levaram o ex-presidente a essa votação e nem de tudo o que poderá acontecer com ele ou não. Isso vocês podem encontrar em qualquer site de notícias, que tem tudo bem explicado. Eu vou falar aqui hoje é dessa loucura que é ver a política sendo tratada como um jogo de futebol. Os ânimos ficam tão exaltados que famílias estão se separando, pois não conseguem escutar o outro. Se falar que não acha o Lula culpado, alguém já vem do inferno gritar: COMUNISTA, ESQUERDA, PETISTA, VAI LEVAR BANDIDO PRA CASA. Gente, para.

A votação de ontem foi muito importante para o país e enquanto eu estava vendo ela, só via pessoas falando coisas totalmente sem sentido para o grau de importância do que estava acontecendo. A cada voto a favor da condenação, eu via a capacidade do brasileiro de tornar tudo uma competição. Eu, contra você. Se eu ganhar eu vou jogar na sua cara que ganhei. Me vi em um vasco x flamengo. Não duvido que teve gente roendo as unhas e muito menos que alguém tenha comentado: “Cadê os petistas agora?”.

Nada contra o Brasil ser considerado o país do futebol, eu amo futebol. Mas que saibamos separar a emoção desse esporte de assuntos tão sérios como a condenação de um ex-presidente. Escutar mais, processar o que escutou e falar algo coerente não faz mal galera. Menos “tomaaaaa” e mais “entendo, mas não concordo”.

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